Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra.” Anisio Teixeira.

Segura Minha Mão


Se cair, não ficará prostrado, porque o Senhor o segura pela mão. Salmo 37:24.

Foi uma daquelas tardes de sábado em que eu preferiria relaxar, em casa. Havia enfrentado a correria de uma semana agitada, e ansiava o conforto convidativo da minha velha espreguiçadeira. Mas havia algo especial que eu precisava fazer. Precisava unir-me à equipe para a nossa visita semanal à prisão.


Percorrendo as várias unidades da cadeia, finalmente chegamos ao bloco do confinamento solitário. Depois da introdução costumeira, ouvimos a oradora falar sobre o amor de Deus por todos nós. “Lembrem-se sempre”, disse ela, “o Deus eterno é nosso refúgio e fortaleza, e por baixo de nós estende os braços eternos.”


De súbito, minhas reflexões foram interrompidas por um pedido que quase me partiu o coração de mãe. “A senhora segura minha mão?” Automaticamente, virei-me para a pessoa cujo pedido me tocara as cordas do coração. Sentado na extremidade do colchonete, em sua cela solitária, estava Robbie, um rapaz de 17 anos que, num acesso de fúria, havia usado um machado para cometer crimes hediondos contra seus avós, naquela semana. Instintivamente, segurei o braço estendido. Pude apenas imaginar o caldeirão de cruas emoções que haviam levado Robbie a ser aprisionado. Enquanto meus dedos seguravam a mão dele, minhas lágrimas se confundiram com as suas, e orei: “Querido Deus, ajuda-nos a recordar que, no fundo do coração humano, esmagado pelo tentador, há sentimentos sepultados que a Tua graça pode restaurar.”

Tenho pensado muitas vezes naquele precioso garoto. Não compreendo as imagens desconectadas do seu cérebro, que motivaram aquele ato homicida, mas sei que Deus tem uma razão para que eu estivesse naquele lugar, naquele momento. Penso numa poderosa passagem que Ellen G. White certa vez escreveu: “Cristo foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos quais não tinha participação, para que fôssemos justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte. [...] ‘Pelas Suas pisaduras fomos sarados.’ Isaías 53:5” (O Desejado de Todas as Nações, p. 25).

Tenho uma sensação de angústia apaziguada, ao pensar naquele rapaz. O hino de Fanny Crosby ainda soa aos meus ouvidos: “Tais como sois vinde à fonte; Ele vos receberá. Todos os vossos pecados, Cristo Jesus limpará.”


Iralyn Haigh Trott